Estou postando esta matéria para vermos como a mídia brasileira é totalmente parcial e não demonstra isenção no assunto mercado imobiliário. Obviamente que estão fazendo o papel de informe publicitário e não de jornalistas. Isto justifica-se pois os grandes anunciantes de jornais são as construtoras e corretores imobiliários. A matéria tenta levar o leitor ao desespero e o induz criminosamente a comprar o imóvel de qualquer maneira. Segundo a previsão do jornal comprar um imóvel pode ser até melhor do que ganhar na loteria (foi o que eu conclui). Mais uma vez os especialistas ouvidos são corretores imobiliários (pessoas que vivem de mercado aquecido, não importa se o negócio que viabilizam é bom ou ruim). Também acredito que se acontecer o que a reportagem narra daqui um a dois anos veremos pessoas de classe média morando na rua em São Paulo.
O engraçado é que nos fóruns de discussão vejo pessoas falando que pagam 0,3% ou 0,4% do valor do imóvel de aluguel. Eu mesmo pago 0,24% aqui em Brasília.
Será que estamos ficando loucos?
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_39228.htm
Valor do aluguel em SP acompanha salto no preço dos imóveis
Na renovação dos contratos, inquilinos têm de encarar valores até 150% mais altos; rentabilidade para locadores é a melhor dos últimos tempos
Roberta Scrivano, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A forte alta nos preços dos imóveis em São Paulo está impactando diretamente os aluguéis da capital. O problema principal enfrentado pelos inquilinos é a renovação dos contratos, quando as imobiliárias propõem valores até 150% mais altos do que os pagos antes do vencimento do documento. Em compensação, a rentabilidade para os locadores é das melhores dos últimos anos.
Segundo dados do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), ao menos 50% das novas locações são de imóveis devolvidos pelos antigos locatários. "É um momento péssimo para quem vive de aluguel, mas ótimo para quem investe em imóveis", diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP. "Os aluguéis estão cada dia mais altos e vai continuar assim", completa.
Apartamentos de um ou dois dormitórios são os que têm tido maior valorização no aluguel. "A demanda é muito grande", diz Roseli Hernandes, diretora da administradora de imóveis Lello. Empresas como a Lello acumulam longuíssimas listas de espera em alguns bairros da cidade com gente interessada em imóveis desse porte.
Com algumas ligações para imobiliárias que atendem a capital paulista é fácil detectar o aumento expressivo nos preços aos locatários, assim como a falta de imóveis de menor porte disponíveis. Há dois anos, era comum encontrar na região da Avenida Paulista apartamentos de até dois dormitórios e sem vaga na garagem com aluguéis próximos a R$ 900. Hoje, imóvel similar custa ao menos R$ 1,8 mil por mês.
Renovação complicada
A atriz Juliana Guimarães, de 27 anos, mora em uma rua paralela à Avenida Paulista e acabou de passar por situação semelhante. A jovem renovou seu contrato de aluguel em agosto. "Moro em um dois dormitórios, sem vaga na garagem. Por dois anos e meio paguei R$ 800, agora o aluguel foi para R$ 1,5 mil", conta.
Na hora da renovação, Juliana tentou negociar com a imobiliária um preço "mais justo". "Mas eles me disseram que, se eu não quisesse, iriam colocar a placa de aluga-se e propor um aluguel ainda mais alto para o novo interessado", diz.
História parecida é contada pela publicitária Marcela Andrade, de 28 anos. "Moro em Perdizes, no mesmo apartamento desde a faculdade. Estou na terceira renovação de contrato e o preço mais que dobrou", diz.
A jovem, que divide apartamento com duas amigas, conta que, de R$ 900, o aluguel proposto saltou para R$ 2,1 mil. "A imobiliária disse que, se não quisermos, tem quem queira."
Antonio de Julio, especialista em finanças pessoais, critica tamanha valorização. "Fica difícil controlar o orçamento dessa forma", diz. Para Julio, a valorização imobiliária e a consequente alta no valor dos aluguéis são um risco para a economia. "Isso é uma bolha", afirma.
Outro lado
A situação, no entanto, é muito positiva para quem investe em imóveis. "Estamos em uma tendência de alta nos preços", diz Roseli, da Lello. Para ela, no entanto, apesar de haver alta no preço dos aluguéis, ainda há uma defasagem em relação ao preço dos imóveis. "Os aluguéis ainda não estão acompanhando a valorização dos imóveis", afirma.
Bairros como Perdizes, Pinheiros, Moema e Itaim são os que, segundo as construtoras, terão cada vez menos lançamentos de imóveis, apesar de ainda haver forte demanda por essas regiões. "E esses locais são os que têm os preços mais altos", pondera Carlos Eduardo Ferraro, diretor da construtora Obracil.
Indagado sobre se os preços na capital continuarão em alta, Ferraro diz que a tendência é haver uma estabilização. "Estamos chegando ao topo dos preços. Creio que subirá ainda um pouco mais, mas não vamos passar muito do atual limite", diz. Outros analistas discordam e apostam em novas altas.
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