Achei interessante este artigo no que se refere ao ponto de vista da saúde da economia brasileira. Serve como reflexão para o que pode acontecer com o país em um futuro próximo se a política de gastos públicos não for alterada.
http://www.brasileconomico.com.br/noticias/a-volta-de-geisel_90477.html
Se o primeiro mandato do presidente Lula se pareceu com seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, seu segundo mandato tem se parecido perigosamente com o governo Geisel. Certamente não politicamente, mas economicamente.
Geisel, após o choque do petróleo no começo dos anos 70, insistiu em manter um forte patamar de crescimento.
A base do desenvolvimento seria a maior presença do Estado como garantidor do crescimento. Surgiram as obras faraônicas, como Itaipú e a Transamazônica.
Mas para crescer em meio a um mundo em reajuste, a equipe econômica teve que depender de capital externo para alavancar essa expansão.
Foi o começo dos déficits em transações correntes que iriam asfixiar a economia brasileira dali a alguns anos.
Aqui vale lembrar uma frase que já se tornou clichê, mas é mais do que correta. Quando perguntado sobre o que seria pior para um país, se a inflação ou uma crise de balanço de pagamentos, Mário Henrique Simonsen foi preciso: inflação esfola, mas crise de balanço de pagamentos mata.
Obviamente, as condições macroeconômicas do país naquele momento eram piores em geral. Havia uma inflação ainda elevada, que sistematicamente ficava acima de 10%, o câmbio era fortemente controlado e não havia equilíbrio fiscal, três situações distintas do que temos hoje.
Mas a ilação continua sendo interessante tendo como base a frase de Simonsen. De fato, não adianta ter a casa arrumada se um déficit em transações correntes aumenta consistentemente, como tem sido nosso caso.
Por mais que tenhamos exportações crescentes nos próximos anos, basicamente por conta da China, isso não será suficiente para contrabalançar a forte expansão esperada das importações. Cerca de 80% da nossa pauta de importação é de bens de capital e insumos.
Com o crescimento que teremos nos próximos anos, aliado a uma taxa de câmbio de curto prazo declinante, teremos expansão significativa das importações que levara a balança comercial para o terreno negativo já em 2012.
Não existem soluções mágicas para isso. Ela passa essencialmente pelo aumento da poupança e, no caso, tem que ser da poupança pública sobre a qual se tem mais controle.
Soluções exóticas que tendem a depreciar forçosamente a taxa de câmbio, como controle de capitais ou aumento de barreiras não-tarifárias, são soluções com resultados negativos no longo prazo, já comprovado na literatura econômica.
Assim, pode ser que a solução, infelizmente negativa, poderá ser uma crise de balanço de pagamentos.
A saga de Lula tem se parecido com aquelas histórias familiares de avô rico - pai classe média - neto pobre.
O rico avô Lula do primeiro mandato corre o risco de entregar seu cargo no segundo mandato de classe média para um neto pobre, que não terá muitas opções de política econômica para crescer. Isso num momento de intensos investimentos que terão que ser feitos.
Ainda não aprendemos que os gastos de hoje terão que ser pagos algum dia. Dolorosamente caminhamos para repetir os erros do passado, e o pior é que terá sido por opção de governo, novamente.
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Sérgio Vale é economista-chefe da MB Associados
Site sobre economia, imóveis e bolha imobiliária de Brasília. Tentarei abordar também a especulação desenfreada, a exuberância irracional, o excesso de crédito para o endividamento da população e a dívida pública do nosso país (a verdadeira). O blog não é imparcial. Acredito na existência da bolha imobiliária baseado em estudos e fatos constatados, portanto não esperem ver notícias contrárias à bolha por aqui. Elas só aparecerão se eu mudar de opinião.
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